"A organização desta maratona viola todos os princípios de igualdade, convida as mulheres participantes a aceitarem uma condição de inferioridade com uma naturalidade que atenta contra a sua dignidade", pode ler-se no comunicado da SOS Racismo.
Apesar da diferença de valores nos prémios ser uma prática corrente em todo o mundo, a associação de defesa dos direitos humanos nunca antes havia chamado a atenção para situações idênticas que acontecem muitas vezes em Portugal, defendendo neste caso específico que a discrepância é "demasiado grande" para passar em branco. "Consideramos que é absurda. Sabemos que no desporto isto acontece, mas a discrepância é demasiado grande", afirmou ao DN Ricardo Gomes, membro da SOS Racismo.
E são precisamente os números que chocam a associação: 5000 euros para o vencedor masculino e 500 para a vencedora feminina. A organização da prova - que se realiza a 10 de Abril entre Santo Tirso, Trofa e Paços de Ferreira, com duas distâncias de 40 e 80 km, respectivamente - justifica a diferença com o número de inscritos.
Estão previsto 1000 atletas masculinos e cerca de 50 mulheres (o valor da inscrição é de 25 euros para todos). "É a única maratona [de BTT] que atribui prémios a mulheres", frisou ao DN Hugo Martins, da organização. O responsável acrescentou ainda: "Não há, nem pretendemos qualquer tipo de separação. Pretendemos que a participação das mulheres seja efectiva. Será até uma plataforma de estudo para o próximo ano, para assim criar uma melhor oferta de prémios."
Mário Machado, director técnico da Meia Maratona de Lisboa (atletismo), considera uma "situação normal" a diferença dos prémios monetários nesta prova de BTT, justificando que "está sempre relacionada com o número de participantes". "É a evolução do desporto. Foi dado um primeiro passo para que no futuro as mulheres estejam a ganhar o mesmo que os homens", comentou ao DN. Para Mário Machado, esta é uma discrepância que se vai esbater no futuro.
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